Sua empresa é feita para vencer?

imagem de um empresário subindo escada rumo ao sucesso

Para quem gosta de gestão corporativa e uma boa leitura, o título acima possivelmente o remete ao best-seller “Empresas Feitas para Vencer” de Jim Collins. Neste livro, o autor, ao analisar grupo seleto de empresas de sucesso, aponta evidências empíricas de que a excelência não é um acidente, mas o resultado de uma série de escolhas e práticas disciplinadas.

Contudo, este artigo não se presta a abordar os bons insights do livro, mas trazer a reflexão sobre um questionamento que, a bem da verdade, muitos empreendedores jamais o fizeram a si próprios, seja por não se interessar pela autocrítica, seja pelo medo da resposta.

Minha empresa está realmente preparada para vencer?

O cenário do empreendedorismo brasileiro é desafiador. Segundo dados do IBGE, cerca de 60% das empresas fecham as portas antes de completar cinco anos, o que nos leva a crer que, infelizmente, a resposta é dura: boa parte das empresas sequer são feitas para sobreviver.

A situação acende o alerta vermelho, mas também convida a uma chamada para a ação.

Empreender não é apenas ter uma boa ideia ou um produto inovador, mas também gerar, sobre bases sólidas, ambiente propício ao desenvolvimento do negócio, garantindo sua longevidade.

Eliminar riscos, quanto mais aqueles que razoavelmente se pode prever, é medida fundamental para prosperar em contexto desafiador.

No decorrer da minha jornada profissional, diversas foram as vezes em que o empreendedor sequer fez o dever de casa, sem o mínimo de preparação e estruturação jurídica que pudesse sustentar sua empreitada.

Na realidade, antes de pensar em diferenciais, boa parte dos empresários sequer se prepara com o “básico”. Não por acaso, muitos descobrem, tardiamente e na marra, que prevenir é melhor que remediar.

Jim Collins, em sua obra, destaca que muitas empresas que alcançaram a excelência o fizeram por estarem bem-preparadas para enfrentar adversidades e aproveitar oportunidades. Essas empresas não apenas sobreviveram, mas prosperaram, porque estavam estruturadas para isso, sob todos os aspectos.

A Estrutura Jurídica como um alicerce

Ter uma estrutura jurídica bem definida não é apenas uma formalidade, capricho, plus ou excesso de zelo: é requisito básico do empreendimento, é a base que dá sustentação para o negócio evoluir.

Como dito acima, parte significativa dos empresários não se preocupa em se estruturar minimamente até quando então chega o problema, transformando o que era difícil em algo extremamente penoso ou, pior, em obstáculo instransponível.

Problemas com contratos, litígios não previstos, falhas no planejamento societário ou tributário e má gestão de riscos legais são alguns dos fatores que mais contribuem para o fracasso.

Desde a escolha do tipo societário mais adequado até a elaboração de contratos assertivos e conformidade com a legislação vigente, cada detalhe jurídico conta para a segurança e sustentabilidade do negócio.

Dentre diversos pontos a serem observados, são ajustes mínimos e recomendáveis a qualquer empreendedor:

  1. Escolha do Tipo Societário. A roupagem jurídica da empresa vai muito além de uma simples escolha burocrática. Querer mais proteção, menor formalidade ou atratividade para investimentos são informações que podem mudar a escolha do formato a ser adotado. Cada modelo societário traz implicações fiscais, de responsabilidade e de governança.
  2. Alinhamento entre sócios. No início, tudo são flores, todos são amigos. Chegadas as discussões, sobretudo relacionadas a dinheiro, responsabilidades e dedicação, o ambiente pode mudar. Deixar alinhado direitos e deveres em acordos bem delineados, devidamente amarrados a meios claros de resolução de conflitos, é uma excelente medida para manter a harmonia interna e preservar a perenidade da empresa.
  3. Compliance e Governança Corporativa. Estar em conformidade com as leis e disposições regulatórias é essencial, não só para evitar multas e sanções que podem comprometer a saúde financeira da empresa, mas também por proporcionar a detecção e correção prévia de problemas, assim como a construção de uma cultura corporativa forte e concreta, gerando ganho reputacional, credibilidade e posicionamento de mercado.
  4. Contratos Bem Elaborados. Contratos são a base das relações empresariais. Desde contratos de trabalho até acordos com fornecedores, clientes e investidores, a precisão, clareza e a legalidade dos termos são essenciais à segurança da empresa. Contratos bem redigidos previnem litígios, estabelecem expectativas claras e garantem a segurança jurídica das partes envolvidas.
  5. Planejamento Tributário. Todos sabem o quão difícil é o sistema tributário brasileiro, com sua infinidade de leis e normativos. Sair a campo sem estar precavido pode ser fatal. Uma estratégia tributária eficaz, que possibilite o aproveitamento de benefícios fiscais ou, no mínimo, o pagamento assertivo das obrigações, pode economizar recursos valiosos e evitar problemas futuros com o fisco.

Enfim, poderia citar mais alguns tantos pontos de atenção, mas a intenção é mostrar, já com esses poucos exemplos, o quão importante é o planejamento jurídico estratégico, que protege os empreendedores e seus negócios, bem como geram valor e podem se tornar um diferencial competitivo e facilitador do crescimento.

Conclusão

Empresas que vencem não estão focadas apenas no sucesso imediato ou providências de curto prazo. Elas se comprometem com a preparação e o planejamento estratégico, enfrentando desafios jurídicos e estruturais de forma proativa.

Empreendedores que vivem a eterna “corrida dos ratos”, invariavelmente, não tem tempo para se dedicar ao efetivo desenvolvimento da empresa, passando a maior parte do tempo preocupado apenas em apagar incêndios para conseguir chegar ao final do mês.

Por outro lado, empresas podem sempre melhorar. Jim Collins enfatiza que “o bom é inimigo do ótimo”, destacando que muitas empresas permanecem medianas porque se contentam em ser apenas bons. Transformar uma empresa boa em excelente demanda um compromisso com a melhoria contínua, as quais são alcançados quando se está preparado e com a casa em ordem.

Enfrentar e superar os desafios jurídicos são cruciais: a preparação diferencia empresas que sobrevivem das que prosperam.